Biografia:
Filho de Gaspar Simões Viana, farmacêutico, e de Sofia da Silva, doméstica, Tomás Simões Viana nasceu na freguesia de Santa Maria Maior, Viana do Castelo, em 2 de Março de 1884 e faleceu na mesma cidade, na sua residência à rua da Bandeira, em 18 de Setembro de 1946.
Após ter frequentado os estudos secundários no Liceu de Viana do Castelo, ingressou na Escola Superior de Farmácia da Universidade do Porto, onde se diplomou, em 30 de Julho de 1904. Na Farmácia Simões, fundada por seu pai em 1882, exerceu a profissão de farmacêutico, vindo, após a morte deste, a ser o seu proprietário e diretor-técnico.
Republicano convicto, Tomás Simões Viana fez parte da Câmara Municipal de Viana do Castelo nos cargos de vereador, vice-presidente e presidente da Comissão Executiva, em resultado das eleições de 1919, 1922 e 1925, não tendo terminado o último triénio para que tinha sido eleito, por ter sido interrompido em virtude do determinado no decreto n.º 11.875, de 13 de Julho de 1926, publicado na sequência do golpe de estado de 28 de Maio, que substituiu a vereação da câmara por uma comissão administrativa.
Como autarca bateu-se empenhadamente pela condigna instalação do Museu Municipal, também lhe merecendo atenção a acomodação da Biblioteca Municipal. As próprias atas camarárias consagram-no como autor e impulsionador de importantes iniciativas de caráter cultural. São disso exemplo a proposta de requisição ao Governo dos serviços de um paleógrafo da Torre do Tombo para “copiar para linguagem corrente as actas mais importantes dos códices dos séculos XV e XVI existentes no Arquivo Municipal”. Contudo, esta tarefa não se viria a realizar por se temer que os elevados custos de tal iniciativa acarretassem críticas do “público ignorante [que] poderia julgar haver no caso desperdício de dinheiros camarários”. Mas viu aprovada e concretizada a sua iniciativa de adquirir para o Arquivo Municipal “a reconstituição comparativa entre o livro (original) das actas das sessões da Câmara de 1580 e o seu apógrafo organizado da Torre do Tombo, trabalho do punho do Sr. José Caldas, por ele anotado e precedido de uma advertência elucidativa”.
Foi, também, em favor da instalação adequada do Museu Municipal que Tomás Simões Viana devotamente se bateu. Por isso, foi ele um dos principais impulsionadores da compra do palacete dos Barbosa e Maciel, na altura conhecido pela Casa das Figuras, para nele ser instalado esta estrutura cultural da cidade. Embora tenha sido por proposta de Rodrigo de Abreu, apresentada na sessão da Câmara de 28 de Setembro de 1921 e aprovada por unanimidade, que se decidiu adquirir o referido edifício, a escritura de compra foi, no entanto, firmada por Tomás Simões Viana, em 15 de Julho de 1922, na qualidade de Presidente em substituição de Rodrigo de Abreu, por este ter sido destacado oficialmente para a Secretaria do Governo de Angola. Depois de tomar conta das chaves do palacete, imediatamente providenciou as obras de adaptação à nova função. Também a Biblioteca Municipal lhe mereceu atenção, já que, depois de obras de adaptação de salas seleccionadas para tal, instalou-a também no mesmo edifício aumentando-lhe o recheio com a compra da importante biblioteca de João da Rocha (O Frei).
Para além da sua importante acção política, Tomás Simões Viana, desde cedo, dedicou-se à arqueologia, área onde evidenciou notórias qualidades de investigador. Como arqueólogo, o seu nome está ligado à Citânia de Santa Luzia, vulgarmente conhecida por “Cidade Velha”, cujas intervenções e escavações defendeu e que vieram a surtir efeito de 1935 a 1939, período em que ali foram realizados trabalhos, sob a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, com o objectivo de proceder à limpeza geral de todo o castro e ao aprofundamento e conclusão das anteriores escavações realizadas por Possidónio da Silva e Albano Belino.
Num curioso apontamento que intitulou “Lendas da «Cidade-Velha»”, Tomás Simões Viana revela-nos o seu interesse pela etnografia ao dar-nos a conhecer uma das lendas associada às ruínas de Santa Luzia que se prende com a existência, naquele local, da “Arca da Peste”. Publicou outros trabalhos como: “Gafarias da Ribeira-Lima”, 1933; “Estações paleolíticas de Abelheira e Meadela”, 1933; “Uma contra vítrea policroma”, 1934. Colaborou também nas revistas “Arquivo do Alto Minho” e “Alto Minho” onde, no âmbito da recolha etnográfica, publicou “Emplastadeiras”, “Um esconderijo de fundidor” e, juntamente com Alberto Couto e José Rosa de Araújo, “Subsídios Etnográficos”, alguns costumes e tradições provenientes de recolha efectuada em diferentes locais do concelho de Viana. Além destes trabalhos, Tomás Simões Viana deixou vasta colaboração dispersa pelos jornais “República” e “A Aurora do Lima”, de Viana do Castelo, e no jornal “República”, de Lisboa, de que foi correspondente. Usou, por vezes, o pseudónimo de Silex.
Para além da sua notável erudição e cultura, Tomás Simões Viana viria também a revelar-se um exímio desenhador e caricaturista. Participou em vários encontros e congressos científicos, e contactou com diversos especialistas e homens de cultura como José Leite de Vasconcelos, Mendes Correia, Álvaro Maria Las Casas, António Cardiellos, Afonso do Paço, Júlio de Lemos, Leandro Quintas Neves, José Rosa de Araújo, Rodrigo Abreu e muitos outros.
Ao longo da sua vida, foram várias as funções que desempenhou e as instituições a que pertenceu, vindo a ser agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada. Foi capitão-farmacêutico das Formações Sanitárias da Cruz Vermelha Portuguesa (delegação de Viana do Castelo), delegado distrital da Junta Nacional de Educação e pertenceu ao Instituto Histórico do Minho, à Associação dos Arqueólogos Portugueses, à Sociedade de Geografia de Lisboa e à Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia.
Biblioteca:
A biblioteca de Tomás Simões Viana foi oferecida à Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, em 3 de Abril de 2006, pelos sobrinhos herdeiros Drs. Gaspar Soares Brandão Simões Viana e António Alfredo Soares Brandão Simões Viana. O espólio bibliográfico oferecido, identificado com a sigla TSV, reveste-se de uma importância acrescida pelo facto de Tomás Simões Viana ter sido um bibliófilo de nomeada, encontrando-se entre os livros da sua biblioteca, obras raríssimas que vão até ao séc. XVI. O referido espólio é constituído por 1761 monografias e 61 periódicos (títulos) compreendendo sobretudo as áreas da Literatura, da Política e da Religião
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